quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Na Holanda, não tem saquinho no super!


Na Holanda, você embala suas compras ou na sacola que você traz de casa ou em caixas de papelão que ficam empilhadas na saída dos supermercados. As mesmas caixas que trouxeram das fábricas os produtos serão reutilizadas para levá-los embora. As caixas serão depois usadas pela terceira vez para armazenar o lixo seco em casa durante uma semana (mais ou menos) e para transportá-lo para os coletores de lixo separado que existem a cada conjunto de quadras em todos os bairros. Além de evitar as malfadas sacolinhas de plástico, as caixas são perfeitas para quem anda de bicicleta, bem mais fáceis de transportar equilibradas no guidão ou presas no banco do passageiro com um elástico. Ah, se você quiser, o supermercado vende umas sacolas feitas de lona, mas custam caro e, dependendo de com quem você anda, pega meio mal socialmente... Os holandeses costumam levar a sua de pano dentro da bolsa.

Fotinho da minha filha jogando embalagem no coletor em Maastricht, sul da Holanda. 2006

Viva os loucos que odeiam as sacolinhas plásticas!!!

Box de reportagem da revista Página22 - FGV- setembro 2007:
O MUNDO DE SACO CHEIOTAXAR, SUBSTITUIR OU BANIR: VÁRIOS PAÍSES BOICOTAM A ONIPRESENÇA DAS SACOLAS A conservação do meio ambiente é um dos pilares da felicidade no Butão, onde se mede desenvolvimento pela Felicidade Nacional Bruta em vez do Produto Interno Bruto. Faz sentido, então, que no Butão sejam proibidos o uso e a venda de sacolas plásticas. Feitas a partir do petróleo e com longo tempo de decomposição, elas degradam o meio ambiente e, portanto, a felicidade nacional. O boicote vigora desde 1999, ano em que outros locais também começaram a prestar atenção aos aparentemente inofensivos sacos plásticos. A ilha francesa da Córsega e Khumbu, região do Nepal que abriga o Monte Everest, também baniram as sacolas em 1999. A partir daí, outros se juntaram ao grupo: Taiwan, Bangladesh, Ruanda, partes da Índia e África do Sul, onde usar plástico para carregar as compras pode dar cadeia. Adesão recente foi a da cidade de San Francisco, que este ano proibiu grandes supermercados de oferecer sacolas plásticas aos consumidores. É a primeira cidade a banir o plástico nos EUA, templo do consumo moderno que usa cerca de 100 bilhões de sacolas por ano, com custo estimado de US$ 4 bilhões para os comerciantes. Na maior parte do país, o consumidor é apenas instado a escolher: Paper or plastic? Em vez de boicote, alguns preferem uma pinçada no bolso para incentivar a mudança de comportamento. A Irlanda consumia 1,2 bilhão de sacolas por ano até que o governo instituiu, em 2002, a PlasTax, uma taxa de 15 centavos de euro por sacola, a cargo do cliente. A reação foi imediata, com queda de 90% no consumo de sacolas em 2003, mas não duradoura. O uso do plástico voltou a aumentar e, embora não tenha alcançado patamar pré-2002, o governo agiu de novo. Este ano, elevou a taxa para 22 centavos e tenta convencer a população de que esse, ao contrário dos demais, é um imposto que se deve evitar pagar. Mesmo assim, estima-se que tenha recolhido cerca de 50 milhões de euros desde o início da cobrança — os recursos são destinados a projetos ambientais. Na Alemanha, não há política oficial, mas a maioria dos supermercados cobra, há anos, de 5 a 25 centavos de euro por sacola. Outra estratégia foi escolhida pelos australianos, que em 2005 usaram 3,92 bilhões de sacolas. O governo, em consulta com a indústria e o comércio, instituiu em 2003 um código de práticas com prazos e percentuais para a redução do número de sacolas oferecidas pelos grandes supermercados — 25% em 2004 e 50% em 2005. Determinou ainda que pelo menos 15% dos itens fossem coletados e reciclados. A redução chegou a 41% em 2005, mas a reciclagem ficou bem abaixo da meta, em 3%. Enquanto o governo australiano considera banir as sacolas ou impor uma taxa no estilo irlandês, a campanha para educar o consumidor continua, sob o slogan: “Coloque um meio ambiente melhor na sacola”. E seja feliz! – por Flavia Pardini
Para ler toda reportagem, acesse: http://www.pagina22.com.br/index.cfm?fuseaction=reportagem&id=25